Abro aquele livrinho de receitas
que fica pegando poeira na estante. Folheio-o todo, de trás pra frente e de
frente para trás. Não encontro o que procurava. Entro no computador e digito na
caixinha de pesquisa do Google: “receita para o amor perfeito”. Acho mil
resultados, mas nenhum informava aquilo que eu realmente queria. Fico
frustrada. O que fazer? Vale a pena arriscar?
Pego meus sentimentos e jogo em potes. Junto-os com esperança e sonhos, sempre exagerando na dosagem. Misturo tudo e coloco
naquele forninho chamado coração para ver se cresce. E como cresceu! Enfeitei
tudo com rímel, um vestido rodado, saltos não tão altos e muitos sorrisos.
Não sou o tipo de pessoa que se
contenta com pouco, então me entrego completamente e de bandeja, com direito ao
suco de sua preferência de acompanhamento. Hora de experimentar. Seja meu
degustador. Experimente-me, me sinta, me use. Ficou bom? Coloquei açúcar
demais? Você hesita, e lavo o excesso da receita com lágrimas. Você resolve dar
outra mordida para ver se não julgou mal.
Você dá uma pequena provada, e eu
me irrito. Me pegue pela cintura. Coloque meus braços ao redor de seu pescoço.
Prove direito! Essa é a minha receita de amor. Ficou bom?
O que é amor, afinal? Eu não sei.
Mas eu o sinto. Nesse momento, eu sou o amor, e você também. Pegue um pedaço
maior. Se acabar, cozinho tudo de novo. Faria tudo outra vez por você, mas
jogue seus sentimentos naquele pote também.
Quer saber? Jogue essa massa
fora. O bom mesmo é viver sem receita. Então vamos, segure minha mão.
Transforme aquele “eu” em “nós. Diga que você é meu, e serei sua. Se jogue. Só
não me deixe, por favor. Não conheço – e nem quero conhecer – a receita para o
desapego.
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