Era uma
vez um garoto.
Ele tinha olhos castanhos e
cabelos escuros que lhe caíam ao rosto. Carregava seu violão para todos os
lugares, encantando a todos com sua voz de anjo. Possuía uma sede insaciável de
livros, e devorava todos que tinha a sua disposição. Tinha um rosto escultural,
que fazia com que várias garotas se encantassem com ele – mas ele não queria
nenhuma delas. Seus olhares vazios, rostos cobertos por maquiagem e saias
curtas não o atraíam. Ele gostava de bandas de rock e de observar os pássaros.
Gostava de história e matemática, e esperava um dia encontrar a garota certa.
Era uma vez uma garota.
Ela tinha cabelos ondulados que
lambiam sua cintura, e um sorriso que iluminava até mesmo a rua mais escura.
Com seus olhos verdes e madeixas loiras, todos esperavam que ela fosse mais uma
mulher de cabeça vazia e copos cheios, mas ela não era. Lia com vigor todos os livros que conseguia
colocar as mãos. Amava seus amigos, e adorava abraçar as pessoas. Ela gostava
de música pop e de contar as estrelas no céu. Gostava de português e artes, e
sonhava em um dia escrever best-sellers. Cantava para a lua com sua voz
desafinada todas as noites, pedindo que trouxesse a ela alguém que ela ame a
vida toda. Arranjou um namorado e o amou por bastante tempo. Ela era feliz.
Era uma vez um garoto e uma
garota.
Eles se encontraram por acaso.
Trocaram olhares no corredor da escola, e como toda garota, ela ficou fascinada
com ele. Desejava ouvir sua voz angelical de perto, e abraçar-lhe com toda sua
força. Ele não tinha muitos amigos, e era bem perceptível que ele era uma
pessoa muito tímida. Ela achou isso adorável. O namorado dela não gostou quando
ela contou-lhe sobre o menino misterioso de seu corredor.
Ela não sabia muito sobre ele, e
vice versa. Os olhos dele eram um mistério, e ela adorava contemplá-los. O que
será que se passa na sua cabeça? Do que será que ele gosta? Ele percebeu que a
garota o observava, e começou a olhá-la também. A troca de olhares a deixava
louca. Quem era aquele menino misterioso?
O desejo de conversar com o
garoto misterioso só aumentava. Ela teve vários sonhos em que criava coragem e
conversava com ele, e em um deles ela o beijou. Ela acordou em prantos, e nunca
contou a ninguém os sentimentos que supria pelo garoto. O que ela não sabia era
que o garoto também gostava dela.
Eles entraram de férias, e ela
não o viu por bastante tempo. A garota decidiu que não alimentaria esse amor
platônico besta, e passou a sair mais com o seu namorado. Cada vez que se
beijavam ela lembrava de seus sonhos com o garoto do corredor, e chorava quando
voltava para casa. O garoto, em sua casa, cantava canções dedicadas a ela, que a
garota nunca chegaria a ouvir. Quando as aulas retornaram, a garota não mais
olhava para o garoto – havia decidido o esquecer. O garoto desistiu de seu
amor, sem nem mesmo tentar nada com ela. Ela tinha namorado, de qualquer forma.
Era uma vez um amor que tinha
tudo para dar certo, mas que nunca teve a chance de acontecer. Era uma vez o
casal perfeito que nunca se reuniu.
Era uma vez o mundo real.
forte a mensagem
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